Você já ouviu falar em Pica? Pois é se já pegou seu cachorro comendo pedra, plástico, pano ou até fezes e ficou sem entender o motivo? Isso pode ser mais do que uma simples “mania”, pode ser PICA, um transtorno alimentar que preocupa veterinários e tutores em todo o mundo.
O que é PICA?
PICA é o nome dado a um distúrbio comportamental e alimentar que leva o cão a ingerir substâncias não comestíveis ou sem valor nutricional, como, por exemplo:
- Plásticos;
- Tecidos;
- Terra;
- Madeira;
- Papel;
- Fezes (coprofagia);
- Pedras.
Esse comportamento é persistente e vai muito além da simples curiosidade canina. Além disso, pode afetar diretamente a saúde física e emocional do animal.
O que causa o transtorno PICA?
A origem da PICA em cães pode ser multifatorial. Abaixo, veja as causas mais comuns:
1. Fome ou dieta mal equilibrada.
Cães que não recebem os nutrientes adequados ou passam longos períodos sem comer podem tentar suprir suas necessidades com o que encontram.
2. Deficiência de minerais ou vitaminas.
Desequilíbrios nutricionais, como falta de ferro ou zinco, são gatilhos clássicos. O corpo “pede” algo, e o animal buscas instintivamente formas de compensar.
3. Tédio ou falta de estímulo mental.
Cães entediados, solitários ou sem enriquecimento ambiental podem desenvolver esse comportamento como válvula de escape.
4. Estresse ou Ansiedade
Mudanças de rotina, ausência do tutor, chegada de outro pet, entre outros, podem gerar ansiedade, e ela se manifesta em comportamentos compulsivos como a PICA.
5. Condições Médicas Subjacentes.
Problemas no trato gastrointestinal, diabetes, parasitas intestinais ou disfunções neurológicas podem desencadear, ou agravar o transtorno.
Como saber se o meu cão tem PICA?
Atenção: comer um objeto estranho uma vez pode não ser PICA. O que caracteriza o transtorno é a repetição e obsessão. Os sinais são:
- Interesse exagerado por itens não comestíveis
- Tentativas frequentes de engolir objetos impróprios
- Fezes com restos de objetos
- Vômitos frequentes
- Perda de apetite
- Letargia após ingerir algo inadequado.
Quais são os riscos para a saúde?
Altíssimos. O cão com PICA pode sofrer:
- Obstrução intestinal (urgência cirúrgica!)
- Perfurações no estômago ou intestino
- Infecções
- Intoxicação por substâncias tóxicas
- Problemas dentários e gengivais
- Esse comportamento é perigoso e nunca deve ser ignorado.
O que fazer se suspeitar de PICA?
Leve ao Veterinário imediatamente.
Exames físicos, laboratoriais e, se necessário, ultrassom ou raio-x que são importantes e ajudam principalmente a diagnosticar e tratar o problema.
Adote uma alimentação completa e balanceada.
Sendo assim, troque por uma ração super premium ou receba orientação veterinária para uma dieta natural.
Enriquecimento ambiental é obrigatório.
Invista em brinquedos interativos, desafios mentais e passeios diários.
Evite o acesso a itens perigosos.
Tire do alcance objetos como panos, plásticos e lixo. Use caixas organizadoras ou barreiras físicas.
Considere suporte comportamental.
Bem como, adestradores positivos e médicos veterinários especialistas em comportamento animal podem ajudar com técnicas específicas para a compulsão.
Terapia medicamentosa (em casos graves)
Entretanto, alguns cães precisam de medicamentos controlados, como ansiolíticos, sempre com prescrição veterinária.
Como prevenir o transtorno?
Prevenção é mais simples que tratamento. Faça o seguinte:
- Alimente seu cão com uma dieta rica e equilibrada.
- Ofereça brinquedos e atividades mentais.
- Crie uma rotina previsível e segura.
- Evite punições, use reforço positivo.
- Leve ao veterinário regularmente para check-ups.
Cães com maior tendência ao transtorno PICA.
Embora qualquer cão possa desenvolver PICA, existem perfis mais propensos:
- Filhotes curiosos: ainda em fase de exploração.
- Cães de raças inteligentes e entediadas: como Border Collie, Labrador e Poodle.
- Cães de abrigo ou com histórico de abandono: traumas antigos podem desencadear comportamentos obsessivos.
Raças mais propensas à pica: existe um perfil de risco?
Sim, e entender esse perfil pode ajudar muito na prevenção.
Geralmente, os cães mais propensos à PICA são:
- Filhotes: por estarem em fase de exploração do mundo com a boca;
- Raças de alta inteligência ou energia, como Labrador, Poodle, Border Collie e Pastor Alemão;
- Animais que vieram de abrigos ou com histórico de negligência: nesses casos, o comportamento pode ter origem em traumas, ansiedade ou insegurança.
- Além disso, vale destacar que cães que passam muito tempo sozinhos, sem estímulos físicos ou mentais, também tendem a desenvolver comportamentos compulsivos como a PICA.
O que fazer em casa? Técnicas de redirecionamento e prevenção.
Agora que você já entende as possíveis causas, surge a dúvida: o que fazer na prática?
Felizmente, existem várias ações que os tutores podem adotar para minimizar e até eliminar esse comportamento, veja a seguir:
Invista no enriquecimento ambiental: brinquedos interativos, desafios olfativos, mordedores com petiscos escondidos e passeios mais dinâmicos são formas excelentes de manter o cão estimulado e longe de objetos perigosos.
Não puna seu cão: embora seja instintivo brigar quando ele destrói algo, punições podem aumentar o estresse e agravar a compulsão.
Recompense comportamentos positivos: sempre que ele escolher o brinquedo correto, reforce com carinho, petiscos ou elogios. Isso ajuda a reforçar o que é certo.
Evite o acesso aos objetos de risco: mantenha sapatos, meias, fios e lixo fora do alcance até que o problema esteja controlado.
Considere o uso de brinquedos com texturas diferentes, de modo que simulam os objetos que o cão costuma procurar. Isso facilita a transição para uma mastigação segura.
Quando procurar ajuda profissional?
Se o comportamento persistir mesmo com todas as mudanças, não hesite em procurar um veterinário comportamentalista. Esse profissional poderá avaliar se há transtornos mentais ou emocionais envolvidos, como ansiedade de separação, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) ou mesmo traumas antigos.
Além disso, é essencial garantir que o tutor esteja orientado corretamente sobre como agir em cada situação. Afinal, como reagimos pode ajudar ou piorar o problema.
PICA tem cura?
A princípio, a PICA tem controle e, em muitos casos, reversão completa. Contudo, quanto mais cedo for detectada e tratada, maiores as chances do cão voltar à normalidade. Mas atenção: é um transtorno sério e merece atenção imediata.
Conclusão.
Portanto, quando vir seu cachorro comendo coisas absurdas não é normal — e pode ser um pedido de socorro. A PICA é mais comum do que se imagina, e, apesar de assustar, tem tratamento. O segredo está na observação do tutor, intervenção veterinária e enriquecimento da vida do pet.
Mas se o seu cão apresenta comportamentos parecidos, não espere: aja rápido; ele conta com você para viver uma vida longa, feliz e saudável.
Fonte: Portal do dog.