Passeios curtos
5 erros que muitos tutores acreditam que um rápido passeio de 10 a 15 minutos é suficiente para o cachorro. Na prática, esse tempo é apenas o começo. Cães têm necessidades físicas e mentais que vão muito além de uma volta na quadra.
Quando o passeio é muito curto, o cachorro não consegue gastar a energia acumulada. O resultado? Volta para casa ainda com bateria cheia, o que pode se manifestar em comportamentos destrutivos, latidos excessivos, mordiscadas de móveis e até agressividade com outros animais ou pessoas.
A duração ideal depende da idade, raça e saúde do cão. Filhotes precisam de passeios mais curtos e frequentes, enquanto cães adultos se beneficiam de 30 a 60 minutos diários. Cães de raças grandes ou muito ativas, como Border Collies, Huskies e Labradores, podem precisar até de 90 minutos. A regra de ouro é: se o cachorro volta para casa ainda pedindo mais, o passeio foi curto demais.
Sem interação
O segundo erro é tratar o passeio como uma obrigação mecânica. Você sai, caminha, volta. Pronto. Mas, para o cachorro, o passeio é muito mais do que exercício físico: é oportunidade de exploração, aprendizado e conexão.
Durante o passeio, o cachorro está constantemente recebendo estímulos sensoriais novos – cheiros, sons, pessoas, outros animais. Se o tutor não interage, não oferece reforço positivo, não brinca ou não oferece pausas para o cão explorar, ele perde a chance de transformar aquele tempo em algo significativo.
Interagir durante o passeio significa: brincar de busca com uma bolinha, oferecer petiscos como recompensa por bom comportamento, conversar com o cão, deixar ele explorar cheiros interessantes, permitir brincadeiras com outros cães amigos. Isso enriquece o passeio, fortalece o vínculo e mantém o cão mentalmente estimulado, não apenas fisicamente cansado.
Coleira errada
O terceiro erro é usar equipamento inadequado ou técnica de caminhada que causa desconforto. Muitos tutores usam coleira comum e puxam o cão quando ele tira o foco ou quer explorar algo. Isso causa frustração tanto no tutor quanto no pet.
Coleiras tradicionais aplicam pressão no pescoço, que é uma área sensível. Se o cachorro puxa constantemente, a pressão aumenta, causando tosse, incômodo e até lesões na traqueia em cães muito ativos. Além disso, um cão que é constantemente puxado pode desenvolver ansiedade e associar passeios a experiências negativas.
Alternativas mais seguras incluem peitoral (que distribui a pressão no peito, não no pescoço) ou coleira de tração frontal (que redireciona o cão para você quando ele tira o foco). A técnica correta é permitir que o cão caminhe com a guia solta, oferecendo recompensas quando ele fica próximo de você. Isso ensina ao cachorro que ficar perto do tutor é mais interessante do que puxar.
Horários inadequados
O quarto erro é não considerar a temperatura, hora do dia e condições climáticas. Muitos tutores passeiam com seus cães nos horários mais quentes do dia, expondo o animal a superfícies queimando – asfalto, calçada – e risco de superaquecimento.
Cães não transpiram como humanos. Eles resfriam principalmente pelo ofego, o que é ineficaz em dias muito quentes. Um passeio no calor intenso pode levar o cão a exaustão, desidratação e até golpe de calor, uma emergência veterinária.
O ideal é passear nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, quando a temperatura é mais amena. Em dias muito quentes, reduzir a duração e a intensidade do passeio. Também vale observar o tipo de superfície: concreto quente queima as patas. Se o dorso da sua mão fica desconfortável no asfalto, está quente demais para o cão. Superfícies com grama ou terra são preferíveis.
Ignorando sinais de cansaço
O quinto erro é não observar quando o cachorro está cansado ou estressado e insistir em continuar o passeio. Alguns tutores têm metas de distância ou tempo e não ajustam conforme o cão se sente.
Portanto, sinais de cansaço incluem: ofego excessivo, língua muito de fora, ritmo mais lento, paradas frequentes, corpo baixo. Sinais de estresse podem ser: latidos excessivos, puxar para voltar, tremores, bocejos fora de contexto, comportamento evasivo. Se o cachorro exibe esses sinais, está na hora de encurtar o passeio, procurar sombra e oferecer água.
Forçar o cão além do seu limite causa fadiga excessiva, desconforto físico e, em alguns casos, lesões. Além disso, experiências negativas durante passeios podem fazer o cachorro começar a rejeitar sair de casa, transformando algo saudável em algo que gera ansiedade.
Ajuste seu passeio
O passeio ideal é aquele que respeita as necessidades individuais do cachorro, oferece estímulo físico e mental, usa equipamento apropriado e considera conforto e segurança. Não é sobre atingir uma meta de quilômetros, mas sobre qualidade de tempo juntos.
Observar o cão, escutar o que ele comunica através do corpo e ajustar a rotina conforme necessário transforma o passeio de uma obrigação em um momento de conexão real. Um cão bem exercitado, mentalmente estimulado e que confia em seu tutor é um cão equilibrado, feliz e muito menos propenso a problemas comportamentais.
Voz de Maia
Passeios não são apenas sobre gastar energia. São momentos em que você e seu cachorro criam histórias juntos – no mesmo ritmo, respirando o mesmo ar, lendo o mundo com sentidos diferentes. Por isso, que quando você aprende a ler o cansaço nos olhos dele, a curiosidade no focinho levantado, a alegria no rabo abanando, o passeio deixa de ser uma tarefa e vira um ritual de amor. E é nesse ritual que você descobre que o melhor exercício não é para o corpo do cachorro, mas para o coração de ambos.
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